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Thiago Stivaletti

'Volta por Cima' termina como uma versão light de 'Vale o Escrito'

Além do acerto de conta entre os bicheiros, vimos um merchan atropelar sem pudor o final de uma grande personagem

Jéssica Ellen se destacou ao longo da novela e também no último capítulo - Fábio Rocha/Globo
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Com um sequestro dentro de um ônibus em plena Sapucaí, "Volta por Cima", novela das sete da Globo, teve um último capítulo bem agitado. A trama de Claudia Souto vai ficar na lembrança como uma versão light da série "Vale o Escrito", mostrando o convívio "orgânico" no Rio de Janeiro entre jogo do bicho, milícia, escola de samba e a classe trabalhadora que orbita em torno desses núcleos de poder.

Enquanto o carismático tio Osmar (Milhem Cortaz) se redimiu de todos os pecados desde que roubou o dinheiro da irmã no início da novela, agora salvando a sobrinha Madá (Jéssica Ellen), que entrou em trabalho de parto em pleno ônibus sequestrado, o castigo sobrou todo para o seu inimigo, o bicheiro Gerson Barros (Enrique Diaz), que foi parar no inferno, literalmente.

Chocante foi ver que não existe mais limite aos merchans na Globo: eles agora podem aparecer até na cena final de personagens importantes. A divertida Roxelle (Isadora Cruz) encerrou a novela como influenciadora fazendo um longo merchan da Shopee para seus seguidores, antes de terminar nos braços do bandido boa-praça Jô (Vitor Sampaio).

A autora também não deixou de honrar o melhor casal da novela, Osmar e a maquiavélica Violeta (Isabel Teixeira), com um final feliz, já que a química e o talento do casal superaram as malfeitorias. Isabel emendou duas vilões seguidas, depois da Helena de "Elas por Elas", mas conseguiu tirar leite de pedra e adicionar um bem-vindo humor a Violeta.

Se "Volta por Cima" sofreu com algumas barrigas, diálogos e direção pouco inspirados, por outro lado ofereceu bons personagens a atores veteraníssimos como Betty Faria, Drica Moraes, José de Abreu e Lucinha Lins.

A novela de Claudia Souto trouxe mais diversão ao horário do que a anterior, a modorrenta "Família É Tudo", e personagens mais cativantes do que a trama anterior da autora, "Cara e Coragem" (2022). E acertou em boas ações de conscientização social, como o perigo do uso de anabolizantes e a cena em que Roxelle fez o sinal universal de socorro para alertar que sofria violência doméstica com Gerson.

A boa audiência da novela, que registrou picos em alguns capítulos da reta final, superando até os números de tramas das nove, indicam que não faltou boa comunicação com o público noveleiro.

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow)

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