Cheia de mistérios, 'Paradise' é a primeira grande série do ano
Nova trama do produtor de 'This is Us' lembra o clima de 'Lost' com seus vai-e-vens no tempo e personagens cheios de segredos
Podemos comemorar. Ainda estamos em fevereiro, o Carnaval ainda nem rolou, mas já temos a primeira grande série do ano. É "Paradise", do Disney+, um roteiro tão interessante e cheio de camadas que você vai se pegar comendo horas de sono para ver só mais um episódio.
Trata-se da nova série de Dan Fogelman, o homem que produziu a melhor novela do Manoel Carlos não escrita pelo Manoel Carlos: "This Is Us", um drama de família de fazer chorar qualquer coração peludo.
Mas não espere outro novelão para chorar. "Paradise" é um thriller com muito mistério e uma embalagem de ficção científica, ambientado num futuro apocalíptico que convém não destrinchar muito para não tirar a surpresa que rola no final do primeiro episódio.
Xavier Collins (Sterling K. Brown, o filho certinho Randall de "This is Us") é um dos chefes da segurança de Cal Bradford, o presidente dos EUA (James Marsden, o Ciclope da franquia "X-Men"). Cal é um sujeito que bebe demais e não parece levar a Presidência muito a sério, deixando o trabalho duro (e sujo) para o seu braço direito, a implacável Samantha "Sinatra" (Julianne Nicholson, de "Mare of Easttown").
A série já começa com a adrenalina lá em cima: são 8h da manhã, Xavier chega para assumir seu turno e descobre Cal morto em seu quarto, caído no chão, com a cabeça ensanguentada. Esse primeiro episódio já é um primor de narrativa: contrariando todos os protocolos, nosso protagonista decide esperar meia hora para divulgar ao mundo a morte do presidente, enquanto faz um lockdown na mansão para descobrir eventuais pistas. O suspense domina.
Alguns críticos e fãs enxergaram em "Paradise" uma estrutura e um clima parecidos com os da série mais cult dos anos 2000, "Lost". Isso porque o roteiro segue num vai-e-vem constante entre o presente e o passado dos personagens, revelando aos poucos segredos e situações do passado que mudam o tempo inteiro a maneira como enxergamos cada um.
Sinatra, por exemplo, guarda um grande trauma familiar. Xavier é viúvo e cria sozinho seus dois filhos – aos poucos vamos descobrir o que aconteceu com sua esposa, uma cientista. E ainda há outros ótimos personagens, como o ora doce ora violento segurança Billy Pace; e Gabriela Torabi, a psicanalista de Sinatra, que tem um papel entre os poderosos muito maior do que o divã do seu consultório.
Aos poucos, vamos descobrindo que "Paradise" não é exatamente a ilha maluca de "Lost", mas também não está muito longe dela. À pergunta de quem matou o presidente, várias outras vão se somando a cada episódio.
Talvez tenha sido sem querer, mas a nova série acaba sendo um bom retrato do mundo de hoje, assolado por questões climáticas e amedrontado por um presidente que declara guerra comercial diariamente contra o resto do mundo.
Pois é... como sempre, se é para falar de paranoia, os americanos nunca nos decepcionam.
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