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X de Sexo Por Bruna Maia
Descrição de chapéu Todas papa Francisco

Saiba como os papas interferiram na história da sexualidade ao longo dos séculos

Papa Francisco foi exceção ao dar declarações progressistas e inclusivas sobre sexo e amor

Imagem de um homem idoso, vestido com vestes brancas, que está levantando uma mitra branca da cabeça. Ele tem um sorriso suave e está em um ambiente com pessoas ao fundo, vestidas de preto.
O papa Francisco no Vaticano: pontífice foi um dos que mais acolheu comunidade LGBTQIA+ - Filippo Monteforte - 13.mar.2025/AFP
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O que os sumos pontífices católicos têm a ver com sexo? Bom, muita coisa. Poucos cargos têm tanta prerrogativa para falar sobre a sexualidade alheia quanto esse.

Aliás, o tema "sexo" foi um dos ingredientes por trás da maior ruptura da Igreja Católica. Quase sempre, quando papas se manifestaram sobre o assunto foi no sentido de oprimir minorias e direitos reprodutivos. O papa Francisco, falecido na segunda-feira (21), foi uma exceção ao adotar tom mais acolhedor com relação à comunidade LGBTQIAPN+.

Preparei uma listinha não exaustiva de pitacos papais com péssimas consequências ao longo da história. Confira abaixo.

PAPA SIRÍCO (384 A 399)

Emitiu um decreto papal em que reforça a obrigatoriedade do celibato para padres e diáconos e, mesmo aqueles que já fossem casados, não poderiam fazer sexo com suas esposas.

PAPA GREGÓRIO 1º (590 A 604)

Conhecido como Gregório, o Grande, ele deixou uma série de escritos em que falava que o sexo não deveria ser apenas por prazer, mas procriativo, e feito apenas dentro do casamento. Ele valorizava a castidade e se alinhava com a visão de que a luxúria e a concupiscência eram pecado. Embora ele não citasse diretamente expressões como sexo oral, sexo anal e masturbação em sua obra, compreende-se que ele condenava essas práticas, por não terem fim de procriação.

PAPA GREGÓRIO 7º (1073 A 1085)

Apesar de ser recomendado há séculos, o celibato clerical não era imposto com tanta veemência, até a chegada desse papa. Ele acreditava que padres casados tinham sua lealdade dividida entre a vida espiritual e a família e a sexualidade. Outro ponto bastante importante era a concentração de bens e poder nas mãos da Igreja, uma vez que padres celibatários não teriam herdeiros.

INOCÊNCIO 3º (1198 A 1216)

Ele via o sexo (mesmo dentro das normas cristãs) como uma coisa impura. Seu papado foi extremamente rígido quanto à sexualidade humana, que passou a ser cada vez mais associada ao pecado e à culpa. O Quarto Concílio de Latrão, reunião de eclesiásticos realizada em 1215, reafirmou que sexo era coisa de casados e ainda determinou que católicos deveriam confessar seus pecados ao menos uma vez ao ano –e, entre esses pecados, estão os pensamentos impuros, o adultério, a sodomia e a masturbação.

REVOLTA!

A reforma protestante encabeçada por Martinho Lutero a partir de 1517 criticava vários dogmas do catolicismo, inclusive o celibato de membros da igreja.

PAPA PIO 9º (1846 A 1878)

Até então o aborto não era considerado um pecado passível de excomungação pela igreja, e era uma prática normalizada. Em 1869, ele determinou que todos os abortos eram homicídio, em uma medida alinhada às políticas de expansão populacional europeias.

PAPA PIO 11º (1922 A 1939) E PIO 12º (1939 A 1958)

Mais uma vez, a igreja se manifestava contra a autonomia feminina. Pio 11º condenou formalmente os usos de métodos contraceptivos de forma geral –eles vão contra a ideia de que sexo deve ter fins reprodutivos. Pio 12º, por sua vez, aceitou a ideia do "planejamento natural" como contracepção, tendo em vista o controle de natalidade, mas fortaleceu o discurso contra a esterilização e o aborto, mesmo com recomendação médica.

PAPA JOÃO 23º (1958 A 1963)

Não fez nenhuma alteração na doutrina, mas iniciou uma abertura da Igreja com o objetivo de se integrar ao mundo moderno. A partir daí, foi-se abrindo caminho para uma outra visão da sexualidade.

PAPA JOÃO PAULO 2º (1978 A 2005)

Com a sua teologia do corpo, o sexo finalmente foi visto como parte do plano original de deus. Se na doutrina gregoriana o sexo no casamento era algo tolerado, mas inferior, com a teologia do corpo ele passou a ser considerado bom, santo, uma expressão do amor conjugal. Ainda assim, a homossexualidade e qualquer forma de sexualidade vivida de forma meramente recreativa, seguem condenadas.

PAPA FRANCISCO (2013 A 2025)

Embora não tenha realizado mudanças na doutrina, passou a ter um tom acolhedor com pessoas LGBTQIA+, autorizando que casais do mesmo sexo sejam abençoados, ainda que não recebam o sacramento do casamento. Sobre o aborto, ele disse que a prática não é permitida, mas que as mulheres que fazem um devem ser acolhidas. Sua opinião sobre contraceptivos foi ambígua: ele criticou a "indústria de contracepção", mas também disse que o uso desses métodos, em certos casos, não é um mal absoluto.

A situação atual da Igreja Católica, portanto, é a seguinte: sexo até pode, e pode ser por prazer, desde que seja dentro do casamento, entre homem e mulher, e não envolva anticoncepcionais e camisinha. Abortar, nem pensar.

Na dúvida, continua valendo a excelente esquete musical do grupo de humor britânico Monty Python que diz que "toda esperma é sagrado, todo esperma é bom, se esperma for desperdiçado, Deus fica muito irado" (assista abaixo).

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. Autora dos livros 'Parece que Piorou', 'Com Todo o Meu Rancor' e 'Não Quero Ter Filhos', fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo

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