O globo e a Globo param por papa Francisco
O momento agora é de torcer para que o novo escolhido seja tão doce, humilde e amoroso quanto ele
Nessa segunda-feira (21), William Bonner fez algo raro na televisão: parou o Jornal Nacional para explicar aos telespectadores que a programação especial em comemoração aos 60 anos da TV Globo seria adiada para a terça-feira (22) devido à morte do papa Francisco.
O jornal, que dedicou quase uma hora ao pontífice, encerrou com sua imagem, seu lema e o silêncio que nos faz calar em nossas casas.
O momento chamou a atenção porque emissoras de TV, como bem sabemos, não costumam dar muitas explicações aos telespectadores. Mudam a programação, alteram horários, trocam profissionais sem dar nenhum tipo de satisfação. São pouquíssimos os casos de apresentadores que têm a chance de se despedir no ar quando saem de seus cargos.
O mais comum é que apenas sumam da tela e depois se justifiquem em suas redes. A TV Globo não foi a única que alterou sua grade com a morte do papa. Quem deu um giro pelos canais de TV, emissoras de rádio e portais da internet, viu o papa em todo lugar. Fotos e vídeos de seu papado, imagens de sua vida desde a infância, frases e momentos icônicos de seus 12 anos no Vaticano, de suas viagens, reações e comentários de celebridades por sua morte.
Até seus eventuais desafetos mais conservadores se renderam ao seu carisma, reconheceram sua humildade, sua humanidade e sua incansável luta pela paz e defesas das crianças e dos desvalidos. O próprio presidente argentino, terra natal de Francisco, que chegou a xingar o papa, anunciou que vai aos seus funerais.
Serão muitos dias de homenagem até o próximo sábado (26), dia marcado para o enterro. Jornalistas e fiéis de todo o mundo estarão no Vaticano para cobrir as despedidas a esse grande líder mundial, sempre pronto para acolher e sorrir, um trabalhador incansável que dedicou seu último esforço, seu último ar, para abençoar a todos no domingo de Páscoa.
Papa Francisco gostava de rir, apreciava o dom do humor. Muitas vezes, ao encontrar brasileiros, perguntava se "cachaça é água", como diz a letra da marchinha de Carnaval. Foi isso que Francisco perguntou a Maria Beltrão e também a Fabio Porchat.
Francisco levava uma vida de hábitos simples, era espirituoso e brincalhão. Às vezes, agia como uma criança ou um "tio do pavê", como quando respondeu a um repórter que perguntou como ele estava, dizendo "sentado!".
A partir de agora, vamos acompanhar todo o processo de despedida de Francisco, da formação do conclave e das votações dos cardeais até que a decisão final seja anunciada pela fumaça branca saindo da chaminé da Capela Sistina.
E torcer para que o escolhido seja um seguidor do trabalho de Francisco, tão doce, humilde e amoroso quanto ele, que faça parar a Globo e o globo e nos unir em nossa humanidade.
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