Quem foi Farid Curi, sócio do Atacadão e marido de Suzy Camacho
Herança é alvo de briga entre família e esposa desde 2021, quando empresário estava internado; ela está sendo acusada de desvio de dinheiro
A ex-atriz Suzy Camacho, 64, foi indiciada pela Polícia Civil de São Paulo sob suspeita de desviar R$ 42,2 milhões do patrimônio do empresário Farid Curi, seu ex-marido, que morreu aos 85 anos em 2022.
Segundo o inquérito conduzido pelo 4º Distrito Policial da Consolação, Suzy teria se aproveitado do estado de saúde debilitado do companheiro para movimentar valores e transferir bens em benefício próprio.
A acusação reacende os holofotes sobre uma disputa judicial que se arrasta há anos em torno da fortuna de Curi e do relacionamento que manteve com Suzy nos últimos anos de vida.
Mas afinal, quem foi o empresário e por que seu nome voltou ao centro das atenções?
SÓCIO HISTÓRICO DO ATACADÃO
Farid Curi foi um dos principais responsáveis pela consolidação do Atacadão como uma potência do varejo nacional. Embora não tenha sido o fundador da rede, ele assumiu a gestão administrativa e comercial da empresa nos anos 1970, ao lado dos sócios Herberto Schmeil e Alcides Parizotto (este último saiu da sociedade em 1991).
Com sede inicial em Maringá (PR), o Atacadão expandiu rapidamente sob o comando de Curi e se transformou em um dos maiores grupos do setor, adotando uma gestão austera e discreta. Segundo contou à revista IstoÉ em 2012, ele e os sócios evitavam chamar atenção nas negociações —inclusive usando cartões de visita em branco para evitar que o nome da empresa inflacionasse os preços de terrenos.
Em 2007, a rede atacadista foi vendida para o grupo francês Carrefour, em uma das maiores transações já realizadas no setor varejista brasileiro. A operação incluiu 34 lojas em funcionamento, 17 delas no estado de São Paulo, além de um potencial de expansão estratégica.
O negócio projetou Farid Curi como um dos empresários mais bem-sucedidos do setor, embora ele tenha mantido sua vida pessoal fora dos holofotes.
PARTICIPAÇÃO EM DEZENAS DE EMPRESAS
Mesmo após a venda do Atacadão, Curi continuou atuando como empresário. De acordo com dados do Portal da Transparência compilados pelo site Transparência, ele tinha vínculos com 34 CNPJs ativos ou inativos em diferentes estados do país, como Bahia, Pernambuco e Mato Grosso.
Entre os negócios tocados com os quatro filhos —Beatriz, Muriel, Rodrigo e Alfredo— estão a Royal Brasil, focada no mercado imobiliário, e a Curi Empreendimentos, voltada para sociedades de participação. O capital total das empresas nas quais ele esteve envolvido chega a R$ 342 milhões.
RELAÇÃO COM SUZY CAMACHO E DISPUTA FAMILIAR
Em 2013, aos 76 anos, Farid Curi se casou com Suzy Camacho, que na época tinha 52. Como previsto por lei para quem se casa após os 70 anos, a união foi realizada com regime de separação total de bens. O empresário manteve o estilo de vida reservado.
O nome do casal passou a circular na imprensa quando Suzy teria feito ele passar por uma série de consultas médicas para atestar sua capacidade cognitiva. Ele já estava internado havia dois anos no Hospital Oswaldo Cruz. O objetivo seria esclarecer questões legais sobre a administração de seu patrimônio, o que gerou atritos com parte da família.
Desde então, familiares e a atriz travam uma disputa judicial em torno da herança de Curi. Agora, Suzy está sendo investigada por suspeita de ter explorado a vulnerabilidade física e cognitiva do companheiro para desviar valores durante o casamento, principalmente a partir de 2019.
O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que representa Suzy Camacho, nega e diz que o indiciamento é fruto de uma "armação" dos filhos de Farid, os quais estariam envolvidos em outros inquéritos por denunciação caluniosa, corrupção de testemunhas e ameaças. "É tudo mentira. Nada foi apurado, nenhum crime foi verificado e nenhuma denúncia criminal existe contra a Suzy", declarou o criminalista.
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