Xuxa alimenta morcegos em casa e especialista alerta sobre riscos à saúde humana
Apresentadora foi filmada pelo marido oferecendo água com açúcar para animais no jardim; Secretaria da Saúde desaconselha alimentar animal
Xuxa surpreendeu seus seguidores ao ser filmada alimentando morcegos em sua casa, no Rio de Janeiro. O registro foi feito por seu marido, Junno Andrade, 61, e compartilhado nos stories do Instagram do ator.
No vídeo, Xuxa aparece montando bebedouros com água e açúcar para os animais. Os recipientes foram posicionados em uma árvore no jardim da casa. A apresentadora aparece cercada por dezenas de morcegos e demonstra tranquilidade enquanto alimenta os bichos.
A cena, que chamou a atenção dos internautas, foi acompanhada de um comentário bem-humorado de Junno. Ele se referiu à esposa como "Xu BatGirl", enquanto filmava o momento em que os morcegos voavam ao redor dela.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), morcegos desempenham um papel crucial na dinâmica de transmissão de vários vírus zoonóticos. A atitude da apresentadora trouxe um alerta sobre os perigos que isso pode causar em humanos.
A médica veterinária paulista Adrielly Toledo destaca os riscos à saúde: "As chamadas zoonoses, que são transmitidas entre nós, humanos, e animais, incluem doenças como a raiva, que se destaca por ser 99% letal para eles e para nós. Os sintomas são rápidos e levam um ser humano à morte em curto período de tempo."
Ela afirma que a exposição e o contato prolongados ao alimentar esses animais acabam sujeitando a pessoa a contrair vírus e bactérias, o que coloca a saúde em risco iminente.
"Até mesmo morcegos criados em cativeiro só devem ser manipulados para fins medicinais, de saúde ou por médicos veterinários, biólogos ou pesquisadores com conhecimento específico da espécie, e mesmo esses profissionais correm riscos", afirmou a médica.
Nas redes sociais, os vídeos viralizaram. Um usuário, @reenlsober, comentou: "Esse bicho é perigosíssimo, pode transmitir uma série de doenças. O simples contato com um humano pode acarretar uma série de problemas! O que ela tem na cabeça?"
O fã @sougabes, defendeu a artista: "Ela tem amor à natureza e uma conexão genuína com os animais".
A médica diz que, caso encontre algum desses animais debilitado ou caído, o ideal é cobrir com um balde, chamar a vigilância sanitária e nunca colocar a mão nesses animais, nem mesmo com luvas.
"A natureza deve ficar no lugar dela e temos sorte de poder observá-los de longe, apreciar suas belezas, mas sempre respeitar os espaços de cada espécie", diz Adrielly.
VIGILÂNCIA ORIENTA A NÃO ALIMENTAR MORCEGOS
Em nota enviada ao F5, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), informou que a espécie de morcego vista no vídeo é a Glossophaga soricina, conhecida como morcego-beija-flor.
"Essa espécie pode se alimentar à noite da água deixada para pássaros, mas a água com açúcar não é adequada, pois sua alimentação é baseada no néctar de flores. Recomenda-se deixar bebedouros apenas durante o dia e retirá-los à noite. Morcegos estão bem adaptados ao meio urbano e encontram alimento naturalmente. Por isso, a orientação é que os munícipes não os manipulem nem os alimentem", diz o órgão.
"Morcegos não são agressivos e não atacam. O risco ocorre quando são encontrados caídos, voando ou pendurados durante o dia, o que pode indicar infecção pelo vírus da raiva. A transmissão ocorre por mordida, caso o animal se sinta ameaçado", diz a nota. "Morcegos desempenham papel ecológico importante: controlam insetos, dispersam sementes e polinizam flores. São protegidos pela Lei Federal nº 9.605/98, que proíbe sua morte indiscriminada."
O QUE FAZER
A recomendação do órgão é, caso encontrar um morcego em situação incomum (caído ou dentro de casa), não tocar no animal e acionar a central 156 para remoção segura.
Em caso de contato com morcegos, é necessário buscar atendimento imediato em unidades habilitadas para tratamento da raiva. Você pode encontrá-las nesta página. Se houver contato com animais domésticos, procurar assistência veterinária ou a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ).
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