Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Celebridades
Descrição de chapéu The New York Times

Tina Knowles revela perrengues antes e depois da fama de Beyoncé em livro de memórias

Na autobiografia 'Matriarch', ela fala sobre origem, legado e seu papel no sucesso das filhas

A imagem mostra uma mulher deitada sobre um fundo claro, vestindo um traje justo com estampa de onça. Ela tem cabelos longos e ondulados, e está usando acessórios dourados, incluindo anéis e pulseiras. A pose é relaxada, com uma mão apoiada sobre a superfície onde está deitada, que parece ser um sofá ou uma superfície macia.
Tina Knowles, mãe de Beyoncé, que está lançando um livro de memórias - Kobe Wagstaff/The New York Times
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Elena Bergeron
Los Angeles
The New York Times

Pouco mais de uma década atrás, durante momentos tranquilos viajando entre Nova York e Houston, Tina Knowles começou a improvisar, gravando memórias e histórias de infância em notas de voz no seu celular.

Então com 59 anos, Knowles ainda estava ocupada estilizando e sendo mãe de suas filhas conquistadoras do mundo, Beyoncé e Solange Knowles (ela também considera Kelly Rowland e uma sobrinha, Angie Beyincé, como suas) e havia acabado de se divorciar de seu marido após 31 anos. Houve várias mortes em sua família.

Ela queria deixar um legado para os filhos e netos. "Comecei a pensar sobre a mortalidade e 'não vou estar aqui para sempre'", disse ela. "Me senti velha; me senti triste."

O resultado foi o livro de memórias "Matriarch" (que significa matriarca em português), lançado na semana passada nos Estados Unidos, que traz a vida de Knowles para o centro do palco. Tem o drama de sua criação no Sul segregado e a jornada de aperfeiçoamento pessoal de uma mãe trabalhadora compelida a defender seus filhos, mas não a si mesma, além de um otimismo cauteloso.

Knowles revela pela primeira vez que foi diagnosticada com câncer de mama em 2024. Após cirurgia e tratamento, ela está livre da doença —e ousando se vestir com "malha transparente" depois de fazer uma redução. "Esse foi meu lado positivo", diz.

"Meus filhos me amam e me admiram e tudo mais, mas acho que eles também ganham uma compreensão mais profunda de mim e por que fiz algumas das coisas que fiz", disse ela. "Depois que lerem este livro, eles entenderão muito mais."

Em alguns círculos, Knowles, agora com 71 anos, é uma espécie de mãe da internet, regularmente filmando vídeos bobos e, às vezes, compartilhando histórias de infância e percepções sobre turnês. Exércitos de fãs também ficam à espreita pelos momentos em que ela inadvertidamente publica fotos não aprovadas pelas filhas.

Quando "Matriarch" foi anunciado, Beyoncé mostrou seu apoio em uma postagem nas redes sociais que também veio com um aviso. "Estou feliz por você compartilhar algumas das histórias que a moldaram em quem você é", escreveu ela. "Conhecer você é amar você. Mas, por favor, tome cuidado."

A família dela é famosamente reservada e seus descendentes estrelados, incluindo o genro Jay-Z, exploram cada um a dor pessoal e os triunfos em sua própria arte muito deliberadamente produzida —e raramente em outros lugares.

Embora Knowles estivesse mantendo suas notas de voz, quando foi abordada para escrever um livro de memórias, ela inicialmente hesitou: "Eles vão querer ouvir sobre meus filhos; eles não vão querer ouvir sobre mim". "Era isso que eu ficava dizendo a mim mesma, que ninguém quer ouvir minha história", comenta.

Ela cedeu, imaginando que poderia compilar os bastidores inofensivos que fizeram sucesso em suas redes sociais. Algumas dessas histórias permanecem salpicadas ao longo de "Matriarch". Como cabeleireira do primeiro vídeo do Destiny's Child, "No, No, No (Part 2)", Knowles percebeu que não havia levado extensões suficientes para o set, então cortou mechas loiras de sua própria cabeça até que Beyoncé tivesse um visual pronto para as câmeras.

Essas memórias frequentemente servem a outro propósito: detalhar a batalha árdua que toda a família enfrentou na busca por carreiras musicais. Depois de assinar com a Columbia Records, executivos da gravadora menosprezaram o estilo caseiro do Destiny's Child.

"Ninguém entendeu", disse Stephanie Gayle, que foi vice-presidente de marketing da gravadora, em entrevista. "Tina estava fazendo o cabelo. Tina era responsável pelas roupas. Cada gravação de vídeo, tudo o que fazíamos, era só reclamação, reclamação, porque eles simplesmente não entendiam."

Alguns dos looks mais icônicos do Destiny's Child —como o camuflado rasgado do vídeo "Survivor"— foram o resultado do pensamento rápido de Knowles e da mesquinhez orçamentária da gravadora. Embora o grupo emplacasse singles número 1 e se tornasse um dos grupos femininos mais vendidos da história, os orçamentos continuavam diminuindo, contando com que Knowles ficaria acordada a noite toda adicionando strass ou drapeando tecidos. "Essa é a Tina", disse Gayle.

Mas em vez de histórias de bastidores encadeadas, "Matriarch" vai à raiz de por que Knowles acabou gastando toda sua energia criativa nas carreiras de suas meninas sem guardar aquele glamour para si mesma. E por que ela permaneceu em um casamento que, segundo escreve, foi desafiado pela infidelidade desde o início.

O livro também é a primeira vez que ela reconhece publicamente essa tensão. Mathew Knowles se recusou a comentar o assunto, mas chamou sua união de "uma grande equipe" em termos de negócios e confirmou que havia recebido as partes do livro que fazem referência a ele antes da publicação.

Nascida como a mais nova dos sete filhos de Agnes Buyince, Knwoles ganhou o apelido de "Badass Teenie B" dos irmãos mais velhos por seu jeito obstinado e língua afiada. Segundo ela, Agnes transmitiu o que se sabia da história da família: que tanto sua bisavó quanto sua avó lutaram para impedir que seus filhos fossem vendidos ou separados durante a escravidão. Como isso foi feito permanece um mistério.

Agnes era uma costureira que trocava vestimentas pela matrícula de seus filhos em uma escola primária católica onde, de acordo com Knowles, as freiras a destacavam para punições (às vezes corporais) porque ela não pertencia ao grupo de filhos da classe profissional negra da cidade. Quando Knowles voltava correndo para casa depois de ser humilhada ou agredida, sua mãe a levava de volta à classe para se desculpar.

"Isso nunca me abandonou porque deixou uma marca indelével no meu cérebro e, tenho certeza, na minha autoestima", disse ela em um fluxo de consciência falante. "Por um lado, eu era essa pessoa que era uma grande lutadora. Mas, por outro lado, acho que isso moldou meus relacionamentos. Acho que moldou minha autoestima e, às vezes, [sentia] que eu simplesmente não era digna e tenho cicatrizes disso que levarei para o túmulo."

A capacidade de embelezar coisas e pessoas, Knowles aprendeu, poderia ser um meio de sobrevivência e avanço. Abrindo um movimentado salão de cabelo em Houston que atendia profissionais negros, Knowles vestia suas estilistas com saltos altos e dava-lhes artigos de jornal para ler para que pudessem manter conversas com os clientes.

Ao escrever sobre sua vida para o público, Knowles tenta um feito profundamente difícil para alguém tão próximo de uma celebridade tão grande: reivindicar os fatos de sua vida como mais do que apenas serviço para fãs.

Quando ela começou a pesquisar em sites de genealogia na internet enquanto pesquisava para o livro, Knowles não podia ter certeza de que as informações não haviam sido preenchidas por fãs. Uma busca pelo nome de solteira de sua bisavó paterna mostrou um ramo de mulheres que todas tinham Solange como nome do meio. Knowles pensou que havia encontrado uma fraude.

Ela pediu a um pesquisador para ajudar a investigar e, em minutos, ele ligou para dizer que a informação era legítima. "Mandei mensagem para minhas meninas, e Solange me respondeu: 'Mamãe, que tipo de bagunça vodu crioula é essa?'."

As famosas filhas de Knowles não aparecem até o capítulo 15, e sua feroz proteção sobre elas molda muito do que está —e não está— no livro. Quando sugiro que este livro de memórias, com seus temas de linhagem materna e revelação sobre infidelidade, me fez pensar em como sua experiência pode ter se conectado com "Lemonade", o álbum de Beyoncé que explora os mesmos tópicos, Knowles disse muito definitivamente, com um sorriso: "Não vou falar sobre isso".

Apesar do apetite insaciável do público por quaisquer migalhas sobre seus filhos, "Matriarch" é resolutamente um livro sobre Tina Knowles. "Ainda acho que tenho algum medo também", sobre publicar, disse ela, acrescentando que enviou aos seus filhos e ex-maridos as passagens que os mencionam pelo nome. "E então comecei a lidar com o fato de que esta é a minha história."

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem
OSZAR »